sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Performance: Entre versos e reversos (Sarau do Pi - 2010)



























Com Priscila Toscano (esquerda) e Pâmella Cruz (direita), fundadores do Coletivo Pi.
1º Sarau do Pi - 2010

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Na Virada Cultural 2010 com o ator Alexandre D'Angeli - Terminal Tietê.

Virada Cultural 2010 - Terminal Tietê.



domingo, 19 de setembro de 2010

O que mais há sobre isso?

A convivência entre o teatro e a Igreja na Idade Média



A Igreja Católica consagrou seu poder durante a Idade Média por mais de dez séculos e sua presença firmou-se através de interferências cruciais na política e na economia, além de moldar o comportamento social da época. Na educação, privilegiou aristocratas e colaboradores de suas ideologias e para isso lançou dogmas, proibiu livros e condenou pessoas. Não é preciso detalhar as fogueiras em praças públicas. Também desprezou a sabedoria popular e dentre outras arbitrariedades baniu o teatro, provavelmente por reconhecer nele uma forma poderosa de manifestação do pensamento e de transformação da sociedade.

A condenação da linguagem teatral custou a vida e perseguição de muitos atores. Por longo tempo mantiveram suas atividades apenas os mimos, às escondidas, os menestréis e os acrobatas, sustentados por alguns senhores feudais.

Ironicamente, a própria liturgia cristã trazia uma força de representação, contendo em si o vigor teatral. Em algum momento isto se fez notar e se por um lado a Igreja Católica Medieval desmantelou a expressão cênica, por outro apropriou-se desta arte que, na verdade, é inerente às relações humanas.

Diante de tanta repressão não é difícil imaginar que "ovelhas" desgarraram-se do grande "rebanho do Senhor". Tal afastamento de fiéis estimulou aos clérigos elaborarem uma estratégia de atração às suas paróquias por algo próximo à linguagem teatral já que sua liturgia é repleta de elementos dramáticos. Fundamental nesse processo que se deu, principalmente a partir do século XI, é como o espaço clerical foi utilizado gradualmente com o fim de controlar e inculcar nos participantes a construção de um teatro que estivesse pronto a servir ao interesse católico.

O altar-mor da igreja inciou na Europa o processo de dramatização com as frequentes execuções de Tropos com Tableaux - uma forma imóvel de representar cenas do Antigo Testamento. Tal imagem pode ter emocionado amiúde as pessoas nas missas, sobretudo nas festas de páscoa e natal, necessitando assim uma maior dinâmica litúrgica. Aos poucos, quando a língua vernacular ocupou uma pequena parte das cerimônicas, naturalmente os fiéis aumentaram seu interesse e sua assiduidade, motivos esses que estimularam, ao clero, mais inserir maior dramaticidade com a finalidade de "instruir" ao povo.

O Tableau logo tornou-se insuficiente e cedeu lugar a outros tipos de representação, tais como os milagres, os mistérios e os autos - sempre trazendo temas religiosos importantes. Rapidamente a nave central da igreja foi tomada de cores de figurinos elaborados, cantos e diálogos. O poder imagético influenciou demasiadamente, fazendo com que aumentasse tanto a importância do evento quanto a presença e colaboração por parte da comunidade. Quando as apresentações transferiram-se para a frente da igreja, isto é, quando tomou o seu lado externo, o número de envolvidos na produção cênica era grande e trouxe novas formas que incluíam desde a procissão, passando pelas estações cênicas, palcos simultâneos até chegar aos carros-palco. Era o teatro religioso invadindo as ruas, voltando ao povo e, no devido tempo, reincorporando elementos alegóricos e profanos.

A história mostra que o teatro esteve "ausente" do cenário público na chamada Idade das Trevas, mas continuou em estado latente o tempo todo. A Igreja perdeu, o teatro ganhou? É bem possível que perdas e ganhos se deram para ambos os lados sem se deixar de firmar convicções que se fazem presentes na religião, na arte e no homem.



O que mais há sobre isso?

Referências bibliográficas:

Carlson, Mavin. Teorias do teatro. Ed. Unesp. SP, 1995.

Berthold, Margot. História mundial do teatro. Ed. Perspectiva,SP, 2000.

domingo, 15 de agosto de 2010




Chora você
- Meu amigo...
- Diga, meu amor... Outra hora a gente se fala. Não há tempo agora.
- Eu preciso dizer o que cala meu peito de dor.
- Ah, meu amor...
- Eu ando parado, pensando no que posso fazer para acabar com o mundo lá fora, mas agora...
- Ninguém vai querer!
- Ora, ora quem sabe? Quem sabe, eu consiga uma tropa...
- Que amor!
- ... e um amor que seja ideal e que traga sabor.
- Deixe estar! O mundo ainda vê que está faltando tudo como falta em você.
- É, deixe estar que o mundo ainda vê que quem viver chorará como chora você.
- E os ídolos andam fracos, sumidos pela fraca política ou pelo próprio egoísmo e então só nos resta gritar ou calar o que nos atormenta.
Nem mamãe acredita no que eu pude ser e não fui. Hoje chora pedindo que o tempo não me seja tão ruim.
- E a minha alegria quer parar de pulsar. E a minha alegria é o meu coração farto de amar este chão, este chão podre de amor.
Deixe estar! O mundo ainda vê que está faltando tudo como não falta em você.
É, deixe estar que o mundo ainda vê que quem viver amará como ama você.
(Barros Batista)

domingo, 1 de agosto de 2010

De zero a dez

Diante do conhecimento intumescido
Sinto-me uma lousa apagada
Não que eu seja um quadro branco
Que melhor lhe mostre o nada
Apenas sou um rubor de espanto
Numa vida que se mostra inexplorada
Às vezes me torno esquecido
Perdido entre ninfas radiosas
Enconsto-me em redes de carinhos
Neste curso em que nada é cor de rosa
Já senti que o absurdo tem espinhos
E mostra uma rotina venenosa
Tempo e conteúdo se enfrentam
Amam-se na fúria de seu coito
Na vereda de um assunto inacabado
Talvez eu não mereça mais que um oito
Peço que de mim nunca se esqueçam
Levo cada um para seu porto
Com coragem conduzo meu saber
Que só a mim pertence mesmo que morto
(Barros Batista)

terça-feira, 13 de julho de 2010


O que mais há sobre isso ?

Roma, um Estado de mimos
Graças ao longo período em que Roma se destacou como exemplo de poder e organização social, seja na forma republicana e tanto mais como império, é intrigante constatar o quanto um Estado hegemônico, tendo como traço marcante sua vocação militar e portanto autoritária, possibilitou a popularização de linguagens teatrais tão diversas. A começar pela comédia latina que, através de Plauto e Terêncio, influenciou a literatura de uma época ou ainda no campo da farsa burlesca, tantas manifestações floresceram com características regionais - Satura, Fescenina e Atelana - inspirando muitas gerações e sobretudo descortinando um imenso caminho para a atuação dos mimos, uma arte tão antiga e democrática.
É certo que o governo romano de um específico momento histórico patrocinou a "ideologia do pão e circo" e promoveu grandiosos espetáculos com corridas de bigas, lutas entre gladiadores e matança de animais, tendo como palco principal o grande símbolo do poder de Roma: o Coliseu. Ao mesmo tempo perto ou longe dali, no vasto Império, os mímicos demonstravam suas inúmeras habilidades além do exercício da plena democracia, pois à época era o único gênero teatral, em terras romanas, que admitia a atuação feminina; ligação profunda com a graça e leveza da mímica.
Aos mimos bastava um pequeno espaço para que pudessem impressionar ao público com suas acrobacias, gestos precisos e narrativa universal, capazes de abordar pelas vias trágica ou cômica, temas banais ou críticas mordazes ao que merecesse.
Podendo até dispensar o texto, o que era vantagem diante da política romana censora, a mímica foi tomando aos poucos os espaços públicos, favorecendo a linguagem teatral como um todo, além de se fazer uma atividade digna de ser apreciada por qualquer classe social. Na vida peregrina, seus artistas influenciavam e eram influenciados por outras formas expressivas, construindo, desse modo, um repertório artístico que só fez aumentar os recursos para o palco, ampliando a interação de gêneros, acentuando suas peculiaridades e os consagrando independentes.
O público tinha à sua disposição o que o Estado preferia lhe dar como espetáculo, mas a despreocupação das autoridades com a arte favoreceu a "explosão da cultura popular" em Roma, que por um grande período teve no mimo uma força tão híbrida quanto a própria cultura romana, e que pela sua diversidade técnica e simplicidade plástica foi a propulsora expressão do teatro de uma época e que primou pela habilidade, pela crítica e pela estética.
O que mais há sobre isso ?
Referências bibliográficas:
Aristóteles. A poética, Ed. Abril, SP, 1999.
Berthold, Margot. História mundial do teatro, Ed. Perspectiva, SP, 2000.
França, Clebe. Mimos e pantomimas, Artigo in rede, SP, 2001.

sábado, 10 de julho de 2010

Espetáculo "O dragão da maldade contra o santo guerreiro", ao fundo, a turma do primeiro LAC (Unesp 2005).

Espetáculo "O dragão da maldade contra o santo guerreiro" (Unesp 2005). Ao lado, a atriz Natália Tomaz.
Um instante
Aqui me tenho
Como não me conheço
Nem me quis
Sem começo
Nem fim
Aqui me tenho
Sem mim
Nada lembro
Nem sei
À luz presente
Sou apenas um
Bicho
Transparente
Ferreira Gullar

Este blog destina-se a registros e bate-papos sobre teatro, poesia e acontecimentos culturais em geral.
Participe com seus comentários.