domingo, 15 de agosto de 2010




Chora você
- Meu amigo...
- Diga, meu amor... Outra hora a gente se fala. Não há tempo agora.
- Eu preciso dizer o que cala meu peito de dor.
- Ah, meu amor...
- Eu ando parado, pensando no que posso fazer para acabar com o mundo lá fora, mas agora...
- Ninguém vai querer!
- Ora, ora quem sabe? Quem sabe, eu consiga uma tropa...
- Que amor!
- ... e um amor que seja ideal e que traga sabor.
- Deixe estar! O mundo ainda vê que está faltando tudo como falta em você.
- É, deixe estar que o mundo ainda vê que quem viver chorará como chora você.
- E os ídolos andam fracos, sumidos pela fraca política ou pelo próprio egoísmo e então só nos resta gritar ou calar o que nos atormenta.
Nem mamãe acredita no que eu pude ser e não fui. Hoje chora pedindo que o tempo não me seja tão ruim.
- E a minha alegria quer parar de pulsar. E a minha alegria é o meu coração farto de amar este chão, este chão podre de amor.
Deixe estar! O mundo ainda vê que está faltando tudo como não falta em você.
É, deixe estar que o mundo ainda vê que quem viver amará como ama você.
(Barros Batista)

domingo, 1 de agosto de 2010

De zero a dez

Diante do conhecimento intumescido
Sinto-me uma lousa apagada
Não que eu seja um quadro branco
Que melhor lhe mostre o nada
Apenas sou um rubor de espanto
Numa vida que se mostra inexplorada
Às vezes me torno esquecido
Perdido entre ninfas radiosas
Enconsto-me em redes de carinhos
Neste curso em que nada é cor de rosa
Já senti que o absurdo tem espinhos
E mostra uma rotina venenosa
Tempo e conteúdo se enfrentam
Amam-se na fúria de seu coito
Na vereda de um assunto inacabado
Talvez eu não mereça mais que um oito
Peço que de mim nunca se esqueçam
Levo cada um para seu porto
Com coragem conduzo meu saber
Que só a mim pertence mesmo que morto
(Barros Batista)